domingo, 25 de dezembro de 2016

GOVERNO DO MARANHÃO RETOMA UM DOS MAIS IMPORTANTE PROGRAMA DE ACESSO À TERRA, O PNCF

Agricultores (as) familiares do município de Tuntum Maranhão, são os mais novos beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário. E um novo Acordo de Cooperação Técnica entre o Governo do Maranhão e a SEAD, garantirá a continuidade da execução do Programa no estado. A Secretaria de Estado da Agricultura Familiar - SAF, por meio da Unidade Técnica Estadual de Crédito Fundiário - UTE/MA, retoma a execução do Programa com novas aquisições de terra, após mais de 9 anos parado no estado. A área adquirida foi de 973 hectares, localizada no município de Tuntum-MA e atendeu 39 famílias de agricultores familiares que antes viviam acampadas na beira da estrada, esperando uma oportunidade para conquistar seu pedaço de terra para trabalhar, produzir e tirar o seu sustento.
O volume de recursos investido foi da ordem de R$ 2.752.499,00. 









quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: GESTÃO DE PESSOAS EM ORGANIZAÇÃO PÚBLICA: MODELO DE GESTÃO DE PESSOAS ADOTADO PELO INCRA (SR12-MA)

GESTÃO DE PESSOAS EM ORGANIZAÇÃO PÚBLICA: MODELO DE GESTÃO DE PESSOAS ADOTADO PELO INCRA (SR12-MA)¹

                                                                                                     João Batista da Cruz Rios²                                                              Profª Maisa H. Pimenta³

RESUMO

                   O presente Artigo tem como objetivo pesquisar, analisar e avaliar o modelo de gestão de pessoas em organização pública, e especificamente acerca do modelo de gestão de pessoas adotado pelo INCRA (SR12)-MA. Como este órgão tem se comportado diante das mudanças que ocorrem no âmbito da administração pública, principalmente pela necessidade de modernização, desburocratização e a busca da eficiência na prestação dos serviços públicos. O processo de globalização e aumento da competitividade têm reflexos diretos na administração pública e, consequentemente, na gestão de pessoas. E, por acreditar que as pessoas são a essência das organizações, este trabalho explicita a importância destas, como lidar com elas no ambiente de trabalho e o quanto elas influenciam nos resultados das organizações, não sendo mais admitido um modelo de gestão com visão mecânica, metódica, ou apenas de chefe; é preciso discutir e entender as diferenças entre as práticas obsoletas e as modernas, juntamente com a inovação do conhecimento.

PALAVRAS-CHAVE: Gestão Pública. Organização. Gestão de Pessoas. INCRA

1 INTRODUÇÃO

                   O presente trabalho tem a finalidade de fazer uma abordagem sobre a gestão de pessoas em organização pública, analisando, em particular, sobre o modelo de gestão de pessoas adotado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA (SR12) – MA.
                   A função da gestão de pessoas é encontrar, atrair, capacitar e manter as pessoas de que precisa a organização para atingir suas metas e resultados, com qualidade e eficiência. Nesse sentido, procurou-se descobrir, através de pesquisa, quais as ações voltadas para a gestão de pessoas desenvolvidas pelo INCRA-MA.
_________________________
¹ Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Pública – UCDB/Campo Grande-MS.
² Bacharel em Administração – Universidade Anhanguera-Uniderp de Mato Grosso do Sul. Consultor Agrário. Pós-Graduando em Gestão Pública – Universidade Católica Dom Bosco/MS. E-mail rios.joaobatista@gmail.com
³ Professora, Especialista, Mestranda em Desenvolvimento Local pela Universidade Católica Dom Bosco. Orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação Lato Sensu da UCDB/Portal Educação.
                   A concepção teórica deste trabalho tem, portanto, fundamentação na análise de bibliografia que trata acerca da temática: artigos científicos, livros, revistas, documentos oficiais; na busca de informações de trabalhos realizados sobre o tema, e, sobretudo, no conhecimento obtido através de pesquisa de campo junto ao INCRA-MA, que teve caráter exploratório e permitiu ao público entrevistado se pronunciar livremente sobre o tema. Os entrevistados foram servidores daquela Autarquia, incluindo alguns com cargo de chefia.
                   O INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, autarquia federal dotada de personalidade jurídica de direito público, com autonomia administrativa e financeira, sede e foro em Brasília-DF e jurisdição em todo o território nacional, tem seus objetivos e estratégias definidos em Regimento Interno.
                   Considerando que a temática trabalhada analisa a gestão de pessoas como instrumento  que auxilia a organização a alcançar seus objetivos e a realizar sua missão, promovendo a qualidade de vida no trabalho, a autoestima e a satisfação dos colaboradores, mantendo a eficiência, a ética e a moralidade, o presente trabalho aprofunda-se com a análise acerca da gestão e da missão do INCRA, que é implementar a política de reforma agrária e realizar o ordenamento fundiário nacional, contribuindo para o desenvolvimento rural sustentável.      
                   Nesse contexto, a visão de futuro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA é ser referência internacional de soluções de inclusão social, tendo como principais diretrizes para o alcance de sua missão: implementar a reforma agrária e buscar a qualificação dos assentamentos rurais, mediante o licenciamento ambiental, o acesso a infraestrutura básica, ao crédito e a assessoria técnica e social e a articulação com as demais políticas públicas, em especial a educação, saúde, cultura e esportes, contribuindo para o cumprimento das legislações ambiental e agrária, para a promoção da paz no campo.
                   O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA está estruturado no Estado do Maranhão com: Superintendência; Gabinete; Divisão de Aquisição de Terras; Desenvolvimento de Assentamentos; e Administração. O setor de pessoal é constituído de uma chefia denominada Serviço de Desenvolvimento Humano, vinculado à pasta da Administração. Essa chefia é a responsável pela coordenação das ações voltadas para a gestão de pessoas daquela Autarquia.
2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO DE PESSOAS


                   A gestão pública é a arte de gerir os bens coletivos de uma nação e que resulta na geração de bens e prestação de serviços públicos destinados à coletividade em uma sociedade. Enquanto, por sua vez, a gestão de pessoas, segundo Fisher e Fleury (1998, p. 61), “É o conjunto de políticas e práticas definidas de uma organização para orientar o comportamento humano e as relações interpessoais no ambiente de trabalho”.
                   A gestão de pessoas é um conjunto de políticas que tem a finalidade de requisitar, preparar, motivar, capacitar e qualificar os colaboradores (servidores) da organização para a prestação de serviços públicos de qualidade, de forma a atender satisfatoriamente ao cidadão-usuário desses serviços e, dessa forma, contribuir com a organização na realização de sua missão e na consecução de seus objetivos.
                   Neste sentido, acerca do termo “gestão”, convém destacar a conceituação de GEMELLI E FILIPPIM apud BERGUE (2007, p. 17):

O termo gestão pode ser compreendido como sinônimo de administração. Administrar, por sua vez, constitui um processo complexo com diversas definições possíveis. Uma delas, e talvez a mais simples, é: executar de forma contínua e virtuosa o processo administrativo.

                   A gestão de pessoas está baseada no desenvolvimento integral, pois se preocupa com o crescimento profissional e intelectual das pessoas para que possam atingir altos níveis de competência, criatividade e realização, visto que, elas são fundamentais em qualquer organização, pois, seja pública ou privada, sempre dependerá das pessoas para a realização de sua missão.
                   A função da gestão de pessoas, tanto na organização pública quanto no setor privado, é encontrar, atrair e manter as pessoas de que precisa a organização para cumprir suas metas, alcançar seus resultados e atingir seus objetivos, buscando a eficiência e a qualidade dos bens e serviços produzidos, proporcionando capacitação e motivação às pessoas envolvidas, sem perder o foco na promoção da autoestima e da satisfação dos colaboradores, de modo a administrar as mudanças comportamentais, tendo em vista manter a qualidade de vida no trabalho.
2. 1 Atual modelo de gestão no âmbito da Administração Pública


                   A gestão de pessoas não pode ser vista isoladamente das demais áreas que envolvem a administração da organização. Ademais, é necessário planejamento e estratégias, não apenas para a parte burocrática, mas, principalmente, para interagir com as demais áreas da administração pública, além de promover e executar as políticas de capacitação, qualificação e motivação das pessoas que compõem a organização, devendo a gestão estar orientada para as estratégias e resultados que levem ao cumprimento dos objetivos traçados.
                   Nesse contexto de mudança e de modernização das gestões públicas e privadas, observa-se que no âmbito da Administração Pública o Governo Federal tem procurado implementar algumas iniciativas que têm como finalidade modernizar e qualificar a administração pública. Enfatiza-se a edição do Decreto nº 5.378, de 23 de fevereiro de 2005, que cria o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – GesPública.
                   O aludido Decreto é o resultado da evolução histórica de diversas iniciativas do Governo Federal para a promoção da gestão pública de excelência, visando contribuir para a qualidade dos serviços públicos prestados ao cidadão e para o aumento da competitividade do País.
                   Não obstante os avanços constatou-se que o Decreto nº 5.378/2005 nada trata sobre gestão de pessoas na administração pública. Portanto, dificilmente será possível alcançar uma gestão de excelência na administração pública sem considerar que são as pessoas que pensam, formulam, planejam e executam as atividades da organização para alcançar seus objetivos.

2. 2 Valorização das pessoas

É fato que, ao colocarem em prática o seu patrimônio de conhecimentos a serviço da organização, as pessoas concretizam as competências organizacionais, esperam ser valorizadas e fazem sua adequação ao contexto da instituição e das estratégias de desenvolvimento empreendido pela aludida organização.
                   A importância da valorização da pessoa dentro de uma organização, seja do setor público ou da iniciativa privada, é elemento fundamental no processo de planejamento na área de gestão de pessoa, como enfatiza Moreira (2008, p. 9):

Organização e pessoas, lado a lado, propiciam um processo contínuo de troca de competências. A organização transfere conhecimentos às pessoas, enriquecendo-as e preparando-as para enfrentar novas situações profissionais e pessoais, dentro ou fora da organização. As pessoas, por seu turno, ao desenvolverem sua capacidade individual, transferem para a organização seu aprendizado, dando-lhe condições para enfrentar novos desafios.


                   Ainda conforme a autora, “pessoas são capazes de conduzir a organização a seus objetivos estratégicos, gerando mudanças, riquezas, inovando e, sem dúvida, contribuindo para a realização de sua missão”. (Moreira, 2008).
                   Diante disso, alude-se o que afirma Cléia Moreira por Idalberto Chiavenato, acerca da importância das pessoas para as organizações realizarem suas metas e alcançarem seus objetivos:
 [...] As pessoas podem ampliar ou limitar as forças e fraquezas de uma organização, dependendo da maneira como elas são tratadas. Para que os objetivos da Gestão de Pessoas sejam alcançados, é necessário que os gerentes tratem as pessoas como elementos básicos para a eficácia organizacional. (Cléia Moreira apud Chiavenato, 2008, p. 9).


                   Desse modo, compreende-se que os seres humanos são a chave do sucesso ou do fracasso da organização, bem como das suas estratégias para o alcance dos objetivos e realização da sua missão. Portanto, assim como os recursos tecnológicos e os sistemas de informação são importantes e necessários para modernizar uma organização, é necessário lembrar, que são as pessoas que dão vida a esses recursos.

2. 3 Gestão estratégica de pessoas

De acordo com Rosane Schikmann, em seu trabalho sobre gestão estratégica de pessoas: bases para a concepção do curso de especialização:

O conceito de gestão estratégica se refere a um tipo de gestão que se preocupa com os objetivos e metas da organização e com o desempenho e as formas de atuação mais adequada para concretizá-los, considerando-se o curto, o médio e o longo prazo, (Schikmann, 2010, p. 18).
                   Estratégias, entre outras definições, são formas de pensar e planejar o futuro, são as grandes linhas mestras que norteiam e conduzem as ações da organização, que deve estar sempre focada nos seus objetivos, rumo ao cumprimento de sua missão. Nesse sentido, Rosane Schikmann enfatiza que:

O foco é a definição dos resultados esperados, o planejamento e o monitoramento das ações para seu alcance. O desempenho diz respeito não só à organização, mas também às pessoas que nela atuam. O planejamento estratégico da organização, em que são definidas as diretrizes para desempenho, é desdobrado nos diversos níveis organizacionais até o individual. (Ibid, 2010, p. 18).

                   Nessa linha de raciocínio, e compreendendo que são as pessoas que movem a organização, enfatiza-se que a gestão estratégica de pessoas deve incluir a definição dos perfis profissionais e da quantidade de pessoas com esses perfis necessários para atuar na organização. Além disso, devem ser estabelecidas políticas que garantam a sustentabilidade da gestão, contemplando os aspectos relativos à estratégia de desenvolvimento profissional e pessoal, avaliação de desempenho, à estrutura de carreira, à remuneração e aos incentivos, entre outros.

2. 4 Gestão de pessoas por competência

                   A gestão por competência deve ter como foco o desenvolvimento de ações do setor de pessoal da organização, tendo em vista o reconhecimento do profissional pelo seu desempenho, criatividade, atuação capacidade de inovar, evoluir, entre outros elementos.
                   Seguindo esse pensamento, alguns autores e pesquisadores acerca do assunto conceituam o termo competência como sendo “qualificações, conhecimentos, habilidades”, a exemplo do que ressalta Cléia Moreira, em seu artigo sobre a gestão de pessoas no Poder Judiciário de Santa Catarina. Desse modo, destaca a aludida pesquisadora que:

Competência é o conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes que afetam a maior parte do trabalho de uma pessoa, e que se relacionam com o desempenho no trabalho; a competência pode ser mensurada, quando comparada com padrões estabelecidos e desenvolvida por meio de treinamento (Moreira apud Fleury e Fleury, 2008, p. 6).

3 O PAPEL DO SETOR DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES

                   O papel da Gestão de Pessoas é extremamente importante, delicado e sensível, entretanto, indispensável para a organização. Essa gestão deve ser desenvolvida por todos os membros da organização que têm ao seu comando e responsabilidade, os funcionários, colaboradores, enfim, as pessoas. Por esta razão, a gestão de pessoas é, sem dúvida, estratégica. Porém, depende muito da cultura, das políticas internas e externas adotadas por cada organização.
                   Dessa forma, compete ao setor de pessoal da organização pública e/ou privada, além de outras, as atribuições de desenvolver estratégias de educação emocional, a exemplo de treinamentos, seminários, palestras, etc. O objetivo dessas ações é, sobretudo, desenvolver a inteligência emocional dos colaboradores da organização, o que é imprescindível para o crescimento do conjunto.
                   O gestor de pessoas tem o papel fundamental de identificar e saber lidar com as diferentes formas de comportamento humano, assim como, aproveitar bem o potencial de seus colaboradores e promover o desenvolvimento de seus talentos.
                   Nas organizações, sejam elas empresariais ou não, que produzem bens e serviços, sejam públicos e/ou privados, o papel da gestão de pessoas deve ser o de facilitar o desenvolvimento das competências individuais, objetivando atingir metas estabelecidas e, no caso das organizações públicas, deve ser sempre de acordo com o objetivo maior, que é o interesse público.

3. 1 Papel do gestor de pessoas nas organizações

                   Durante a realização deste trabalho, percebeu-se que muitos gestores de pessoas precisam rever seus referenciais teóricos, repensar suas posturas, além de realizar autocrítica. Precisam, ainda, aprender a ouvir e a ter vontade de mudar, para que possam gerir bem suas equipes, direcionando-as à eficácia e à eficiência. É necessário também que esses gestores sejam mais flexíveis às mudanças e inovações, de modo a implementar ações que garantam resultados, transparência, responsabilização e a preservação da correta gestão do bem público.
                   Segundo Carlos Alberto Guerra, “o gestor de pessoas periodicamente deve verificar o nível de satisfação da equipe, através de pesquisas e entrevistas; saber ouvir é importante para ajudar resolver angústias da equipe”. (Guerra, 2009).
                   O gestor deve sempre estar atento aos desejos e ao nível de felicidade dos colaboradores da organização. Nessa linha, vale destacar que um estudo realizado pela Universidade IIinois – EUA (Revista  Carreira & Negócio - nº15), revelou que 95% (noventa e cinco por cento) das pessoas querem principalmente seis coisas para serem felizes no trabalho: desafios; perspectiva de crescimento; reconhecimento; integração da equipe; sentir-se útil e ter um líder respeitado.  
                   No mundo globalizado, com avanços extraordinários em termos de recursos tecnológicos, associados ao crescimento do nível de consciência da população, é papel fundamental do gestor de pessoas ter capacidade de liderança, ser um líder capaz de perceber e compreender os anseios, desejos e aspirações coletivas e individuais de sua equipe de colaboradores dentro da organização.
                   Segundo o ponto de vista de Carlos Alberto Guerra, em entrevista realizada sobre dicas de como ser um bom gestor de pessoas, os principais requisitos para ser um líder e bom gestor são, dentre outros, na visão de Guerra (2009): “ter comunicação; transmitir confiança e credibilidade; saber orientar; ter capacidade e habilidade para treinar pessoas; saber ouvir; ter uma percepção aguçada; ter entusiasmo; reconhecer um bom trabalho ou uma atitude nobre”.
                   Ainda de acordo com Guerra (2009), “os líderes não mandam, os líderes inspiram e movem suas equipes em direção a um objetivo, de forma voluntária”. Além disso, para esse autor a pessoa não precisa nascer líder, pode ser preparada, estudar o comportamento humano e ir se tornando um expert no assunto.
                   Observa-se que Carlos Alberto Guerra, além de falar sobre conceito de liderança, faz uma exposição detalhada de como deve ser um bom gestor de pessoas e como esse gestor deve agir para manter sua equipe satisfeita, motivada, bem humorada e bem preparada para o exercício de suas funções na organização.
                   Percebe-se, ainda, conforme o autor, que o gestor não pode se inspirar apenas no cargo de direção que exerce na organização, mas sim na sua capacidade de lidar com pessoas, de conduzir equipe, na capacidade motivacional, ser capaz de compreender os anseios e aspirações de sua equipe e liderar de forma democrática.
4 METODOLOGIA UTILIZADA   

                   Para a elaboração desse Artigo, realizou-se uma pesquisa no interior do INCRA (SR12)-MA, objeto do presente estudo. O mecanismo utilizado na coleta de dados da pesquisa foi o de entrevistas com servidores do Órgão. Realizou-se entrevista individual com servidores que exercem cargo de direção, e coletivamente, através de reuniões e mesas redondas, com os demais entrevistados daquela Autarquia. Assim, o contingente indagado foi equivalente a 10% (dez por cento) do total de 350 servidores lotados na Superintendência do INCRA no Maranhão.
                   Objetivando qualificar a coleta de dados, os entrevistados foram previamente selecionados, levando-se em consideração os servidores efetivos, os que estão no exercício de cargo de direção e de assessoria, incluindo o chefe do Setor de Desenvolvimento Humano do Órgão, e os terceirizados (contratados), haja vista o grande contingente desses servidores integrando o quadro de pessoal do INCRA-MA, o que corresponde a 20% do total de servidores do Órgão.
                   A metodologia utilizada levou em conta princípios da pesquisa cientifica: investigação, precisão, austeridade, clareza, contextualização das informações, exaustão. Ademais, adotou-se o método de pesquisa qualitativa, que teve caráter exploratório e contribuiu sobremaneira com a desenvoltura dos entrevistados, que falaram livremente sobre o tema investigado, visto que a pesquisa científica é a “realização concreta de uma investigação planejada, desenvolvida e redigida de acordo com as normas da metodologia consagrada pela ciência”. (Ruiz, 1996, p.48).
                   Ressalta-se que o outro procedimento metodológico utilizado na busca de informações, para elaboração deste trabalho, foi a pesquisa bibliográfica, que é a atividade de localização de fontes diversas de informação escrita para coletar dados gerais ou específicos a respeito de um tema”. (Landi e Bazolli apud Carvalho, 1988).  
                   Ademais, conforme Landi e Bazolli, a pesquisa bibliográfica visa colocar o estudante em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto, sendo, portanto, o primeiro passo de toda pesquisa científica”. (Landi e Bazolli apud Lakatos e Marconi, 1985). Portanto, realizou-se amplo estudo de obras científicas: revistas e jornais científicos, artigos e livros de autores renomados como Chiavenato, Rosane Schikmann, Maria Tereza Fleury, Rosa Fischer, entre outros.
5 MODELO DE GESTÃO ADOTADO PELO INCRA (SR12) MA

                   É notório que as políticas de gestão de pessoas na Administração Pública no Brasil se caracterizam por grandes dificuldades, não só no que se refere à estruturação dos sistemas de gestão, mas, também, por uma questão de concepção, até mesmo ideológica, de grande parte dos gestores públicos.
                   Com base no trabalho de pesquisa de campo realizado, foi possível constatar a ausência de políticas de gestão de pessoas na Autarquia INCRA-MA, através do setor de pessoal, denominado de Chefia de Desenvolvimento Humano.
                   A Superintendência Regional do INCRA-Maranhão (SR-12), na qualidade de Autarquia Federal, tem como base legal o Regime Jurídico Único (Lei nº 8.112, de 1990), que regula as relações de trabalho de seus servidores e segue a política administrativa determinada pela Presidência do Órgão, sediada em Brasília-DF.
                   Desse modo, não obstante o cumprimento dos princípios legais de hierarquia do Órgão constata-se a falta de iniciativa da Superintendência Regional do INCRA no Maranhão (SR-12), na construção de proposições que possam instituir e desenvolver ações para melhorar, por exemplo, as relações interpessoais e de comunicação entre os servidores, e entre as diversas áreas da administração, para o fortalecimento estrutural da chefia de desenvolvimento humano do órgão, área estratégica para a realização da missão e para o alcance dos objetivos da Autarquia.
                   Nesse sentido, fazendo-se uma leitura de Chiavenato (2008, p. 08), a Gestão de Pessoas é uma área extremamente contingencial e situacional, pois depende de vários aspectos, como a cultura que existe em cada organização, a estrutura adotada, as características do contexto ambiental, do negócio da organização, da tecnologia utilizada, dos processos internos, do estilo de gestão utilizado e de uma infinidade de outras variáveis importantes.
                   Desse modo, percebe-se que o autor estabelece, ainda que de forma sutil, uma relação entre o processo de gestão e a concepção ideológica que permeia o sistema organizacional e gerencial das instituições. Tanto que é possível perceber que os aspectos ideológicos que permeiam no interior das organizações públicas norteiam as ações executadas pelos gestores.

                   Nesse contexto, cabe ressaltar o que enfatiza Ildevania Lima (2013) acerca de como gerir e cuidar das pessoas, em um trecho do seu Artigo que trata sobre a Gestão de Pessoas na Administração Pública:

 

A gestão de pessoas vai muito além do que vem a ser recursos humanos. Trabalha-se os talentos e as pessoas em prol de um  desenvolvimento  pessoal e organizacional, tratando-as não apenas como meros recursos para se conseguir os objetivos estabelecidos pela instituição (...). A Gestão de Pessoas trabalha os objetivos organizacionais, contextualizando as pessoas como seres humanos, através de seus talentos, desempenho, competência e motivação. Esse moderno conceito vê as pessoas como ativadores de outros recursos, tais como financeiros, tecnológicos, mercadológicos e produtivos. As pessoas se sentem como parceiros da organização e não apenas como um recurso qualquer utilizável e descartável. (LIMA, apud CHIAVENATO, 2013, p. 03).

 

                   É imprescindível se destacar neste trabalho a evolução que vem ocorrendo no contexto da gestão empresarial das organizações privadas, com a aplicação de técnicas modernas de gestão de pessoas, a exemplo da gestão por competência, da gestão estratégica de pessoas, entre outras.

                   Dessa forma, essa inovação vem gradativamente influenciando e gerando reflexo direto na administração pública, ainda que de forma tímida, notando-se a implementação de programas de gestão de pessoas com foco na busca da eficiência e da qualidade na prestação dos serviços públicos, objetivando atender bem aos usuários desses serviços, os quais, devido ao aumento do grau de conhecimento, têm se tornado mais exigentes. Afirma Rosane Schikmann (2010):

 

Os usuários do serviço público têm aumentado o nível de exigência em relação à satisfação de demandas. A qualidade e a adequação dos serviços às necessidades dos usuários são hoje aspectos críticos para o bom desempenho de qualquer órgão ou entidade da administração pública. (Schikmann, 2010a p. 12).

                   No que diz respeito à gestão estratégica, em seu trabalho sobre gestão estratégica de pessoas: bases para a concepção do curso de especialização em gestão de pessoas no serviço público, Rosane Schikmann assevera que:

(...) o conceito de gestão estratégica se refere a um tipo de gestão que se preocupa com os objetivos e metas da organização e com o desempenho e as formas de atuação mais adequada para concretizá-los, considerando-se o curto, o médio e o longo prazo. O foco é a definição dos resultados esperados, o planejamento e o monitoramento das ações para seu alcance (...). (Ibid 2010b, p. 18).

                   Considerando essa reflexão teórica, e a partir da realização das entrevistas com servidores do órgão pesquisado (INCRA-MA), percebeu-se claramente o nível de compreensão desses servidores sobre a importância do setor de gestão de pessoas, sobretudo na perspectiva de que sejam instituídas e implantadas políticas voltadas para a melhoria e valorização das relações internas do órgão, e principalmente para promoção do desenvolvimento humano.
                   Foi possível constatar também a insatisfações de servidores em relação à falta de planejamento do Órgão, com ações voltadas para o apoio e o fortalecimento das estruturas administrativas da Autarquia, formadas pelas divisões, chefias.
                   A pesquisa realizada deixou também evidente, através da fala de alguns servidores do Instituto, que o órgão não tem conseguido implementar uma política de capacitação de servidores, muito menos realizar treinamento sobre questões elementares. Desse modo, indispensável no serviço público, constatou-se, por exemplo, a existência de servidores que não têm noções de informática.
                   Ademais, constatou-se a falta de articulação de ações capazes de envolver todas as áreas da administração do órgão e que promovam a interação entre elas, pois as pessoas estão exatamente nos setores, divisões, chefias, etc., e são essas pessoas que fazem a gestão administrativa e a execução dos serviços públicos prestados pela referida Autarquia, que podem ser de qualidade ou não, pois o modelo de gestão de pessoas adotado pela instituição define, sem dúvidas, o sucesso ou insucesso no atendimento dos objetivos e missão do órgão.
                   A pesquisa de campo ora mencionada, realizada no interior do INCRA (SR-12)-MA, por meios das entrevistas e conversas com os servidores, levou à constatação acerca da falta de integração e interação entre setores da administração do referido órgão. Não existe, por exemplo, uma relação articulada entre os setores, cujas atividades desenvolvidas por cada um, se complementam para o alcance do resultado final, conforme diretrizes do Órgão, como consta na quarta diretriz do Instituto, a seguir descrita:
O INCRA implementará a reforma agrária, buscando a qualificação dos assentamentos rurais, mediante o licenciamento ambiental, o acesso a infraestrutura básica, o crédito e a assessoria técnica e social e a articulação com as demais políticas públicas, em especial a educação, saúde, cultura e esportes, contribuindo para o cumprimento das legislações ambientais e para a promoção da paz no campo. (Quarta Diretriz Estratégica do INCRA).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS


                   Após a coleta, análise e sistematização das informações, através da metodologia utilizada na elaboração deste trabalho, conclui-se que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, Superintendência Regional do Maranhão (SR12), não dispõe de um planejamento e, por conseguinte, de um plano de gestão de pessoas que possa contribuir para a realização de sua missão, que é implementar a política de reforma agrária e realizar o ordenamento fundiário nacional, contribuindo para o desenvolvimento rural sustentável, com paz e qualidade de vida no meio rural brasileiro.
                   A pesquisa realizada possibilitou também concluir como essa Autarquia tem se comportado diante das mudanças que ocorrem no âmbito da administração pública, verificando-se a necessidade de modernização, desburocratização e a busca da eficiência na prestação dos serviços públicos, pelo Órgão. Esse processo ou a ausência dele, aliado à falta de um planejamento adequado do Setor de Desenvolvimento Humano desta Superintendência Regional, tem reflexo direto na gestão de pessoas e, consequentemente, nos resultados obtidos pelo Órgão.
                   O INCRA tem, entre suas principais diretrizes, a implementação da reforma agrária, promovendo a democratização do acesso à terra, através da criação e implantação de assentamentos rurais sustentáveis, da regularização fundiária de terras públicas, gerenciando a estrutura fundiária, de modo a contribuir para o desenvolvimento sustentável, para a desconcentração da estrutura fundiária, redução da violência e da pobreza no campo. Essas diretrizes devem ser realizadas de forma participativa, reafirmando, segundo o Regimento Interno do Órgão, os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, preceituados no artigo 37 da Constituição Federal do Brasil.
                   Conclui-se, outrossim, que a falta de um planejamento do Órgão, que seja focado na gestão de pessoas, como sendo o cérebro da Instituição (INCRA), dificulta sobremaneira a execução de suas diretrizes estratégicas e, consequentemente, o alcance de seus objetivos, haja vista ser estratégica e imprescindível a ação planejada do setor de gestão de pessoas para o desenvolvimento eficiente das atividades empreendidas pela Autarquia.
                   Vale ressaltar que não só pelas informações levantadas durante a realização da pesquisa, mas também pela experiência, vivência e acompanhamento histórico das ações administrativas e na execução da política de Reforma Agrária executada pelo órgão, conclui-se, ainda, que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, Superintendência Regional (SR12)-MA, tem dificuldades de implementar ações básicas de gestão de pessoas, a exemplo de palestras e reuniões periódicas com o quadro de pessoal do Órgão.
                   Durante a realização das entrevistas com servidores da Autarquia, ficou evidente a falta de ações administrativas do Órgão, que propiciem às divisões gestoras, inclusive à de desenvolvimento de pessoal, interagir e se integrarem. Essa falta de interação e de integração, bem como a falta de feedback, reduz a possibilidade de os servidores melhorarem seu desempenho e performance, através do fornecimento de informações, dados, críticas e orientações que permitam reposicionar suas ações, visando alcançar um maior nível de eficiência e eficácia.
                   Ademais, com base nos estudos realizados, através da pesquisa de campo e da pesquisa bibliográfica, verificou-se que os servidores, sejam eles da iniciativa privada ou da pública, querem, de fato, ser reconhecidos e valorizados dentro das organizações que atuam. Tanto que, de acordo com a maioria dos entrevistados do INCRA (SR12)-MA, os principais sentimentos que contribuem para o comprometimento da equipe são: falta de reconhecimento e de valorização, falta de liberdade de expressão e de criação, falta de intercâmbio, de transparência e de integração (feedback) entre os setores e equipes de administração do órgão.
                   Obviamente que, sem esses mecanismos de interação e integração, o desenvolvimento das ações do Órgão fica prejudicado, refletindo no cumprimento de sua missão e no alcance de seus objetivos.
                   Concluiu-se, por fim, que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA (SR12)-MA, não tem ainda um modelo de gestão de pessoas voltado para, entre outros aspectos, a valorização do profissional, a motivação da equipe, o reconhecimento de competências, a avaliação de desempenho, e, sobretudo, focado na busca de resultados, na eficiência e na qualidade da prestação do serviço público, e na transferência de boas práticas, como modelo de gestão para os Assentamentos de Reforma Agrária no Estado do Maranhão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS


BATISTA, Cássia Maria; Artigo. O papel transformador do gestor de pessoas. disponível em: http://www.administradores.com.br/u/cassia2010/artigos/ .Acesso em: 04 de Dezembro de 2013.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Disponível em www.chiavenato.com. Acesso em 03/12/2013.
FISCHER, Rosa M. B. e FLEURY, Maria Tereza Leme. 1998. Disponível em www.trabalhosfeitos.com/.../fisher-e-fleury-1998. Acesso em: 25/11/2013.
FISCHER, Rosa M. B. É doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996), mestre em Educação pelo Instituto de Estudos Avançados em Educação FGV (1982).
FLEURY, Maria Tereza Leme. Diretora e professora em Estratégia Internacional da FGV-EAESP - Escola de Administração de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas. Professora titular da FEA/USP.
GUERRA, Carlos Alberto; Entrevista concedida ao site de Newton Rodrigues. Disponível em Newton Rodrigues Lima:  http://newtonrodrigueslima.blogspot.com.br. Acesso em 22 de novembro de 2013.
GEMELLI, Inês Maria Picoli. Gestão de pessoas na administração pública: o desafio dos municípios. http://editora.unoesc.edu.br. Acesso em 03/12/2013.
GUEDES, Ronaldo. Gestão de Pessoas; Publicado no portal da Administração em 6 de outubro de 2008. Disponível em http://www.administradores.com.br. Acesso em: 03/12/2013.
INCRA; Missão. Página do INCRA na web. Disponível em http://www.incra.gov.br/. Acesso em: 04/12/2013.

LIMA, Ildevania Felix; Artigo. Gestão de Pessoas na Administração Pública: pessoas competentes, melhores resultados. Disponível para consulta em: http://www.rhportal.com.br/artigos. Acesso em: 20/11 de 2013.

MOREIRA, Cléia. O Processo de Modernização na Área de Gestão de Pessoas no Poder Judiciário de Santa Catarina, com ênfase na Valorização da Pessoa. Set/2008. Disponível: http://tjsc25.tj.sc.gov.br/academia/arquivos/Cleia_Moreira.pdf. Acesso em: 20/2013.
MOREIRA, Larissa Renata Jardini; LANDI, Michelle; BAZOLLI, Thiago Nunes. A Gestão de Pessoas na área da Administração Pública. Disponível em http://www.inesul.edu.br. Acesso em 03 de Dezembro de 2013.
RACE – Revista de Administração, Contabilidade e Economia http://editora.unoesc.edu.br. Acesso em 23 de Novembro de 2013.
Revista Carreira & Negócio nº 15: disponível em www.escola.com/detalhe.asp?id Acesso em: 30 de Novembro de 2013.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1996, p. 48. Disponível em: http://www.editoraatlas.com.br. Acesso em: 03/12/2013.
SCHIKMANN, Rosane. Gestão estratégica de pessoas: bases para a concepção do curso de especialização em gestão de pessoas no serviço público, 2010. Disponível em: www.enap.gov.br. Acesso em: 27/08 de 2013.
SOUSA, Lindomar Pereira; Artigo. O papel do novo gestor de pessoas. Apresentado à Universidade Federal do Piauí. Disponível em: www.webartigos.com. Acesso em: 03/12/2013.